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Ego-scrolling em apps de relacionamento: por que 51% dos solteiros usam perfis para inflar o ego e como evitar os danos à autoestima

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Pesquisa do happn revela números alarmantes sobre o ego-scrolling

Uma pesquisa realizada pelo aplicativo happn trouxe à tona o fenômeno do ego-scrolling entre usuários de apps de relacionamento.

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Segundo o levantamento, apesar de 87% dos usuários desconhecerem esse termo, 51% já admitiram ter esse tipo de comportamento, intencionalmente ou não.

O dado indica que mais da metade dos solteiros enxergam os perfis como uma fonte de validação instantânea, mais do que como uma ferramenta para construir conexões reais.

O que é ego-scrolling e como ele se manifesta nos aplicativos

O termo ego-scrolling é usado popularmente para definir o comportamento de usar aplicativos em busca de curtidas e validação, ao invés de procurar interações com potencial para um relacionamento sério.

Na prática, ele aparece quando a navegação pelos perfis passa a ter como objetivo principal inflar a autoestima, por meio de respostas rápidas e superficiais.

O estudo também mostra que o comportamento não passa despercebido: 54% dos usuários dizem já terem percebido que o crush possui esse tipo de comportamento, e 32% deles disseram que se distanciaram ao notá-lo.

Ou seja, o ego-scrolling não prejudica apenas quem o pratica, mas também afeta quem busca relações mais autênticas dentro das plataformas.

Por que as pessoas praticam e quais são os impactos identificados

O levantamento apontou várias motivações para o ego-scrolling, entre elas baixa autoestima, tédio, vício em recompensas rápidas e não ter um objetivo definido com o app.

Além disso, o estudo quantificou percepções relacionadas às curtidas: 25% dos usuários afirmam que receber muitas curtidas faz com que eles se sintam mais confiantes, enquanto 21% dizem que isso aumenta a autoestima e 18% consideram a experiência divertida.

Em contrapartida, 35% dos usuários acreditam que este comportamento prejudica a experiência dos relacionamentos online, por criar falsas expectativas e interações superficiais.

Especialistas ouvidos no levantamento advertem para os efeitos emocionais dessa prática.

Conforme apontado pela psiquiatra Renata Abdalla, professora na Faculdade São Leopoldo Mandic, “Buscar validação inflando o ego com curtidas superficiais pode levar a uma autoestima instável, alimentar frustração e tornar o uso dos apps compulsivo e desconectado de vínculos reais“.

A médica destaca que pessoas em luto amoroso, jovens e indivíduos com ansiedade social ou dependência emocional são mais vulneráveis a esse padrão.

Outro ponto levantado pelo estudo é a insegurança gerada pela dinâmica das redes.

Outro ponto negativo é a insegurança, de acordo com Celso Garcia Jr., psiquiatra e professor da Faculdade São Leopoldo Mandic.

O especialista explica que, apesar de gerar prazer momentâneo, o ego-scrolling pode reforçar a comparação e a dependência de aprovação externa, o que prejudica a autoestima a longo prazo.

Essas observações ajudam a entender por que muitos preferem se afastar ao identificar o comportamento no outro.

Como reduzir o ego-scrolling e transformar o uso dos apps em experiências mais saudáveis

Para combater o ego-scrolling, os especialistas recomendam mudanças práticas na forma como se usa o aplicativo.

Entre as orientações sugeridas estão refletir sobre os objetivos com o uso do app, estabelecer limites de tempo de uso, não basear seu valor pessoal em curtidas, buscar conexões autênticas e fazer pausas quando sentir desgaste emocional.

Implementar essas medidas passa por um exercício de autoconhecimento e disciplina digital.

Estabelecer horários específicos para acessar a plataforma e desconectar notificações de curtidas são passos simples que reduzem a exposição constante à validação externa.

Também é importante manter conversas que vão além de elogios superficiais, priorizando perguntas que revelem interesses, valores e objetivos.

Ao direcionar o uso para encontros com potencial real, os usuários podem recuperar a função social dos aplicativos de relacionamento.

O desafio é coletivo: plataformas, profissionais de saúde mental e usuários precisam reconhecer as armadilhas do ego-scrolling e adotar práticas que favoreçam vínculos mais profundos, em vez de uma busca contínua por aprovação imediata.

Dados e testemunhos da pesquisa do happn indicam que o fenômeno é amplo e influente, mas não inevitável.

Com atitudes conscientes e limites claros, é possível transformar a experiência digital em algo que contribua para a autoestima, em vez de corroê-la.