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Namoro em games: como videogames e apps de hobby estão substituindo o swipe dos aplicativos de relacionamento

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Por que o namoro em games e em apps de hobby atraem jovens que fogem da pressão dos aplicativos de relacionamento

Namoro em games e em plataformas de hobby virou alternativa para muitos jovens que cansaram da dinâmica do swipe.

Histórias como a de Nate e Jess, que encenaram um noivado dentro do jogo World of Warcraft antes de se mudarem para morar juntos, ilustram um movimento maior: pessoas encontrando parceiros em ambientes digitais focados em interesses compartilhados, e não em perfis fotográficos.

Jess define bem a experiência: “É uma maneira diferente de conhecer alguém”. Nate completa, “Consegui estabelecer uma conexão muito maior com as pessoas que conheci jogando do que em um aplicativo de relacionamento”.

Esses relatos refletem uma tendência apontada por especialistas e por dados recentes.

Jogos e comunidades de hobby: encontros por afinidade

Plataformas que não foram originalmente pensadas para romance, como jogos online, apps de corrida ou sites de crítica de filmes, tornaram-se espaços onde o namoro em games e o encontro por afinidade acontecem com frequência.

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Um exemplo é o Strava, que “agora tem 135 milhões de usuários — e seus usuários ativos mensais cresceram 20% no ano passado, de acordo com a empresa”.

Outro caso é o Letterboxd, que “diz que sua comunidade cresceu 50% no ano passado”.

Esses espaços permitem que pessoas se aproximem por gostos e rotinas, reduzindo a sensação de pressão de estar “se promovendo” para uma galeria de estranhos.

Luke Brunning, da Universidade de Leeds, resume a mudança: “É cada vez mais difícil distinguir entre o comportamento em um aplicativo de relacionamento e o comportamento em outra plataforma.”

Comunidades por afinidade oferecem interações mais contínuas e menos transacionais, o que favorece conexões mais profundas.

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Por que jovens rejeitam o swipe

O desinteresse pela mecânica do swipe é explícito entre a geração Z. Um relatório do Ofcom observou “Alguns analistas especulam que, para os mais jovens, especialmente a geração Z, a novidade dos aplicativos de relacionamento está perdendo força”.

Em complemento, uma pesquisa da Axios mostrou que “79% afirmaram que estavam deixando de usar aplicativos de relacionamento regularmente”.

Os números no Reino Unido reforçam essa queda: “as 10 principais plataformas do Reino Unido registrando uma queda de quase 16% em novembro de 2024, de acordo com um relatório publicado pelo Ofcom”.

Ainda segundo o documento, “O Tinder perdeu 594 mil usuários, enquanto o Hinge registrou uma queda de 131 mil, o Bumble, de 368 mil, e o Grindr, de 11 mil, segundo o relatório”.

Críticas ao formato incluem que a interface gamificada pode transformar a busca por intimidade em diversão de curto prazo.

Como aponta Nichi Hodgson, “o modelo do Tinder está morto para muitos jovens — eles não querem mais deslizar o dedo”. Para muitos, o namoro em games oferece interações menos simuladas e mais autênticas.

O futuro dos apps de relacionamento e o espaço das comunidades

Os próprios apps de namoro tentam se adaptar. O Match Group reconheceu que os jovens procuram “uma forma mais autêntica e com menos pressão de encontrar conexões” e várias plataformas experimentam formatos e nichos para recuperar relevância.

Enquanto isso, as comunidades de hobby já incorporam funcionalidades sociais — o Strava passou a permitir mensagens diretas, e redes como Letterboxd mostram que gostos compartilhados podem revelar traços pessoais relevantes para atração.

Ao mesmo tempo, há riscos: nem todo usuário de um fórum ou app de hobby quer ser cantado, e a clareza de objetivo que um app de relacionamento traz ainda é uma vantagem.

Especialistas defendem que não se trata do fim dos aplicativos de namoro, e sim de uma diversificação do ecossistema.

Brian Heaphy observa que a variedade de opções pode significar que “pode ser um número semelhante ao de antes, em termos de adesão geral”.

A integração de inteligência artificial e experiências mais ricas pode transformar como e onde as pessoas procuram parceiros.

No fim, o que muda é o foco: para quem busca namoro em games ou em apps de hobby, o encontro vem de um lugar diferente, muitas vezes mais natural e com menos pressão.

Seja encenando um noivado virtual em World of Warcraft, ou marcando um primeiro encontro com alguém visto no Strava, a geração Z parece preferir conexões construídas em torno de interesses reais, e não apenas em torno de fotos e swipes.

O fenômeno tende a crescer enquanto plataformas e usuários redefinem onde se encontram, como se conhecem e o que esperam de um relacionamento no mundo digital.